UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
IGD – INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
TOPOGRAFIA E FOTOGRAMETRIA
PROF.: ANTONIVAL
TOPOGRAFIA
APOSTILA 3*
BRASÍLIA - 2009
* Adaptação do
original da professora Maria Cecília Brandalize, PUC/RS, www.pucrs.br , em março de 2001-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A figura a seguir
ilustra um tripé de alumínio, normalmente utilizado com o trânsito; e um de
madeira, utilizado com teodolitos óticos ou eletrônicos. É interessante
salientar que para cada equipamento de medição existe um tripé apropriado.
· · Mira ou Régua graduada: é uma régua de
madeira, alumínio ou PVC, graduada em m,
dm, cm e mm; utilizada na
determinação de distâncias horizontais e verticais entre pontos.
A figura a seguir
(BORGES, 1988), ilustra parte de uma régua de quatro metros de comprimento e as
respectivas divisões do metro: dm, cm e mm.
· · Nível de cantoneira: já mencionado na
medida direta de distâncias, tem a função de tornar vertical a posição da régua
graduada.
· · Baliza: já mencionada na medida direta
de distâncias, é utilizada com o teodolito para a localização dos pontos no
terreno e a medida de ângulos horizontais.
Ao processo de
medida indireta denomina-se ESTADIMETRIA
ou TAQUEOMETRIA, pois é através do retículo ou estádia do teodolito que são obtidas as leituras dos ângulos
verticais e horizontais e da régua graduada, para o posterior cálculo das
distâncias horizontais e verticais.
Como indicado na
figura abaixo (BORGES, 1988), a estádia do teodolito é composta de:
a) 3 fios estadimétricos horizontais (FS, FM e FI)
b) 1 fio estadimétrico vertical
8.5. Métodos de Medida Indireta
Segundo GARCIA e PIEDADE (1984) os métodos indiretos de medida de
distâncias são:
8.5.1. Distância Horizontal - Visada Horizontal
A figura a seguir
(GARCIA, 1984) ilustra um teodolito estacionado no ponto P e a régua graduada no ponto Q.
Do ponto P visa-se o ponto Q com o círculo vertical do teodolito zerado, ou seja, com a luneta na posição
horizontal. Procede-se a leitura dos fios estadimétricos inferior (FI), médio (FM) e superior (FS). A
distância horizontal entre os pontos será deduzida da relação existente entre
os triângulos a'b'F e ABF, que são semelhantes e opostos pelo
vértice.
Da figura tem-se:
f = distância focal da objetiva
F = foco exterior à
objetiva
c = distância do centro
ótico do aparelho à objetiva
C = c + f = constante do
instrumento
d = distância do foco à
régua graduada
H = AB = B - A = FS - FI = diferença entre as leituras
M = FM = leitura do
retículo médio
Pelas regras de
semelhança pode-se escrever que:
fornecido
pelo fabricante
d = 100
. H
DH =
d + C
Portanto,
DH
= 100 . H + C
C é a constante de Reichembach, que
assume valor 0cm para equipamentos com lunetas analáticas e valores que variam
de 25cm a 50cm para equipamentos com lunetas aláticas.
8.5.2. Distância Horizontal - Visada Inclinada
Neste caso, para
visar a régua graduada no ponto Q há
necessidade de se inclinar a luneta, para cima ou para baixo, de um ângulo (a) em relação ao plano horizontal. Como indicado na
figura abaixo (GARCIA, 1984), a distância horizontal poderá ser deduzida
através:
Do triângulo AA'M MA' = MA .
cos
Do triângulo BB'M MB' = MB .
cos
MA' +
MB' = (MA + MB) . cos
MA' +
MB' = A'B'
MA + MB
= AB = H
portanto,
A'B' = H .
cos
Do triângulo OMR OR
= OM . cos
OM = 100
. A'B' +
C
OM = 100
. H . cos + C
OR = (100
. H . cos + C ) . cos
DH = OR
portanto,
DH = 100
. H . cos2 + C . cos
Desprezando-se o
termo (cos ) na segunda parcela da expressão tem-se:
DH
= 100 . H . cos2 + C
8.5.3. Distância Vertical - Visada Ascendente
A figura a seguir (GARCIA, 1984) ilustra a luneta de
um teodolito inclinada no sentido ascendente (para cima). Assim, a diferença de
nível ou distância vertical entre dois pontos será deduzida da relação:
QS = RS +
RM - MQ
onde,
QS =
DN = diferença de nível
RS =
I = altura do instrumento
MQ =
M = FM
= leitura do retículo médio
Do triângulo ORM, tem-se que
RM = OR .
tg
RM
= DH . tg
RM = (100
. H . cos2 + C ) . tg
RM = (100
. H . cos2 . tg + C . tg
RM = 100
. H . cos2 . sen / cos
+ C . tg
RM = 100
. H . cos . sen + C . tg
ora,
cos . sen =
(sen 2) / 2
então,
RM = 100
. H . (sen 2 ) / 2 + C . tg
desprezando-se a última
parcela tem-se,
RM
= 50 . H . sen 2
substituindo na equação
inicial, resulta
DN = 50 .
H . sen 2 - FM
+ I
A interpretação do
resultado desta relação se faz da seguinte forma:
a) se DN
for positivo (+) significa que o
terreno, no sentido da medição, está em ACLIVE.
b) se DN
for negativo (-) significa que o terreno, no sentido da medição, está em DECLIVE.
8.5.4. Distância Vertical - Visada Descendente
A figura a seguir
(GARCIA, 1984) ilustra a luneta de um teodolito inclinada no sentido
descendente (para baixo). Assim, a diferença de nível entre dois pontos será
deduzida da mesma forma que para o item 8.5.3., porém, com os sinais trocados.
Logo:
DN = 50 . H . sen 2 +
FM - I
A interpretação do
resultado desta relação se faz da seguinte forma:
a) se DN
for positivo (+) significa que o terreno, no sentido da medição, está em DECLIVE.
b) se DN
for negativo (-) significa que o terreno, no sentido da medição, está em ACLIVE.
8.5.5. Erros nas Medidas Indiretas de Distâncias
Os erros cometidos
durante a determinação indireta de distâncias podem ser devidos aos seguintes
fatores:
1) leitura
da régua: relativo à leitura errônea dos fios estadimétricos inferior,
médio e superior provocados:
a)Pela distância entre o teodolito e a régua (muito longa ou muito
curta).
b)Pela falta de capacidade de aproximação da luneta.
c)Pela espessura dos traços do retículo.
d)Pelo meio ambiente (refração atmosférica, ventos, má iluminação).
e)Pela maneira como a régua está dividida e pela variação do seu
comprimento.
f)Pela falta
de experiência do operador.
2) leitura
de ângulos: ocorre quando se faz a leitura dos círculos vertical e/ou
horizontal de forma errada, por falha ou falta de experiência do operador.
3) verticalidade
da baliza: ocorre quando não se faz uso do nível de cantoneira. A figura
abaixo (BORGES, 1988) ilustra a maneira correta de posicionamento da baliza nos
levantamentos, ou seja, na vertical e sobre a tachinha do piquete.
1) verticalidade
da mira: assim como para a baliza, ocorre quando não se faz uso do nível de
cantoneira.
2) pontaria:
no caso de leitura dos ângulos horizontais, ocorre quando o fio estadimétrico
vertical do teodolito não coincide com a baliza (centro).
3) erro
linear de centragem do teodolito: segundo ESPARTEL (1987), este erro se
verifica quando a projeção do centro do instrumento não coincide exatamente com
o vértice do ângulo a medir, ou seja, o prumo do aparelho não coincide com o
ponto sobre o qual se encontra estacionado.
4) erro de
calagem ou nivelamento do teodolito: ocorre quando o operador, por falta de
experiência, não nivela o aparelho corretamente.
8.5.6. Exercícios
1.De um piquete (A) foi visada uma mira colocada em um
outro piquete (B). Foram feitas as
seguintes leituras:
fio
inferior = 0,417m
fio
médio = 1,518m
ângulo
vertical = 530' em visada descendente (A B)
altura do instrumento
(A) = 1,500m
Calcule a distância
horizontal entre os pontos (AB)
sabendo-se que a luneta é do tipo analática.
2.Considerando os
dados do exercício anterior, calcule a distância vertical ou diferença de nível entre os pontos e
determine o sentido de inclinação do terreno.
3.Ainda em relação
ao exercício anterior, determine qual é a altitude (h) do ponto (B), sabendo-se que a altitude do ponto
(A) é de 584,025m.
4.Um teodolito
acha-se estacionado na estaca número (1)
de uma poligonal e a cota, deste ponto, é 200,000m. O eixo da luneta de um
teodolito encontra-se a 1,700m do solo. Para a estaca de número (2), de cota 224,385; foram feitas as
seguintes leituras:
retículo
inferior = 0,325m
retículo superior =
2,675m
Calcule a distância horizontal entre
as estacas.
5.De um ponto com
altitude 314,010m foi visada uma régua, situada em um segundo ponto de altitude
345,710m. Com as leituras: = 12 em visada ascendente; I = 1,620m; e sabendo-se
que a distância horizontal entre estes pontos é de 157,100m; calcule H, FM, FI,
FS.
6.Para uma
poligonal triangular, calcule a cota de um ponto (C) sabendo-se que:
DH(AB)
= 100,320m
Hz(CAB)
= 6610'
Hz(CBA)
= 4142'
h(A)
= 151,444m
(AC) = 1240'
7.Em relação ao
exercício anterior, qual será a cota do ponto (C) se a altura do instrumento no ponto (A) for igual a 1,342m?
8.O quadro abaixo
indica valores para a diferença dos fios superior e inferior (H) e ângulos
verticais tomados de uma estação para localizar pontos de um curso d’água em um
levantamento. A altura do aparelho foi de 1,83m e a altitude da estação de
143,78m. Nos pontos em que não houve a possibilidade de projetar a altura do
aparelho sobre a régua, a leitura do fio médio está anotada junto ao ângulo
vertical. Determine as distâncias horizontais entre a estação e os pontos, bem
como, as altitudes dos mesmos.
Ponto
|
H (m)
|
a
|
1
|
0,041
|
+2°19’
|
2
|
0,072
|
+1°57’
em 1,43m
|
3
|
0,555
|
+0°00’
em 2,71m
|
4
|
1,313
|
-2°13’
|
5
|
1,111
|
-4°55’
em 1,93m
|
6
|
0,316
|
+0°30’
|
Determine as
distâncias horizontais entre a estação e os pontos, bem como, as altitudes dos
mesmos.
8.6. Medida Eletrônica
De acordo com
alguns autores, a medida eletrônica de distâncias não pode ser considerada um
tipo de medida direta pois não
necessita percorrer o alinhamento a medir para obter o seu comprimento.
Nem por isso deve
ser considerada um tipo de medida indireta,
pois não envolve a leitura de réguas e cálculos posteriores para a obtenção das
distâncias.
Na verdade, durante
uma medição eletrônica, o operador intervém muito pouco na obtenção das
medidas, pois todas são obtidas automaticamente através de um simples
pressionar de botão.
Este tipo de
medição, no entanto, não isenta o operador das etapas de estacionamento, nivelamento
e pontaria dos instrumentos
utilizados, qualquer que seja a tecnologia envolvida no processo comum de
medição.
Segundo LOCH e
CORDINI (1995) os instrumentos eletrônicos apresentam inúmeras vantagens em
relação aos tradicionais processos de medida, tais como: economia de tempo,
facilidade de operação e, principalmente, precisão adequada aos vários tipos de
trabalhos topográficos, cartográficos e geodésicos.
A medida eletrônica
de distâncias baseia-se na emissão/recepção de sinais luminosos (visíveis ou
não) ou de microondas que atingem um anteparo ou refletor. A distância entre o
emissor/receptor e o anteparo ou refletor é calculada eletronicamente e,
segundo KAVANAGH e BIRD (1996), baseia-se no comprimento de onda, na freqüência
e velocidade de propagação do sinal.
Embora o tópico em
discussão seja o da medida eletrônica de distâncias, alguns dos equipamentos
que serão descritos em seguida também medem ângulos eletronicamente.
Assim, entre os
principais equipamentos utilizados atualmente na medida eletrônica de
distâncias e/ou ângulos, pode-se citar:
a)Trena Eletrônica
îdispositivo
eletrônico composto de um emissor/receptor de sinais que podem ser pulsações
ultra-sônicas ou feixe de luz infravermelho;
1) o alcance depende do dispositivo;
2) normalmente, para a determinação de distâncias
acima de 50 metros, é necessário utilizar um alvo eletrônico para a correta devolução do sinal emitido;
3) como explicitado anteriormente, o cálculo da
distância é feito em função do tempo que o sinal emitido leva para atingir o
alvo, ser refletido e recebido de volta; a freqüência e o comprimento do sinal
são conhecidos pelo dispositivo;
4) o sinal é então recebido e processado e a
distância calculada é mostrada num visor de cristal líquido (LCD);
5) alguns destes dispositivos são capazes de
processar, entre outras coisas, áreas, volumes, adição e subtração de
distâncias, etc.;
6) funciona com pilhas ou bateria, do tipo
encontrado em supermercado;
7) o custo deste dispositivo, bem como, dos
demais dispositivos que serão descritos mais adiante, varia muito e depende da
tecnologia envolvida, das funções que disponibiliza e do fabricante.
As figuras a seguir ilustram trenas eletrônicas de diferentes fabricantes
(SOKKIA e LEICA), selecionadas a partir de páginas da INTERNET.
fonte: anotações de aula do prof. Antonival
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